Um diagnóstico temporal empirico da zona norte de Natal
Um diagnóstico temporal empirico da zona norte de Natal
Alagamento Sarney.png
Durante boa parte de minha vida residi na zona norte de Natal, eu e minha família chegamos na região em meados de 1982, vindos de São Paulo-SP, meu pai se estabeleceu na região, morávamos na rua Rio das Velhas, rua que passou a ser conhecida por Rua do Arraia do Cabaço, vivenciei todos os anos desse evento que durou mais ou menos uns 15 anos, conheço bem a realidade de descaso público com a região. Ao chegar na zona norte, só tínhamos uma unica ponte de mão e contra mão para cruzar o Rio Potengi. As casas do Soledade 2 só tinham muro na frente da casa e mesmo assim um muro de 1 metro e 20CM de altura, não existia muros laterais e muito menos ao fundo das casas, quem chegou no conjunto há época conheceu aquela realidade, na região não tinha linhas de ônibus ou escolas, para irmos para outras regiões tínhamos que cruzar a linha do trem e ir para o conjunto Santa Catarina. Escolas? a mais próxima com ensino fundamental por exemplo era no conjunto Soledade 1, Escola Estadual Romulo Wanderley, era uma enorme dificuldade, não existiam postos de saúde, supermercados, a segurança então era rara, muito embora os índices de violência na região eram mínimos e podíamos ficar nas ruas até tarde, muitas das vezes até o amanhecer do dia.
No entanto, aquilo que dependíamos do governo, da prefeitura era praticamente a conta gotas, e dessa forma o tempo foi passando. No entanto, no passado tínhamos uma grande vantagem, a união da sociedade civil, se alguns aqui se lembram, tínhamos instituições cujo objetivo era a organização social, os velhos conselhos comunitários e clubes de mães, que eram prédios construídos pelo governo exatamente para que a sociedade se unisse em um lugar para debater os problemas da região, quem não se lembra dessa época? Além dessas instituições, o estado ajudava a população com politicas públicas como os velhos açougues do FRIGONAT, onde comprávamos carnes a preço bem inferiores aos praticados no mercado. Eram tempos difíceis, porém, existia por parte do estado o desejo da união da sociedade para a organização social, isso era notório. Porém os anos se passaram, aos poucos a zona norte de Natal cresceu, novos conjuntos após o Soledade 2 chegaram, conjuntos Santarém, Nova Natal, Pajuçara e Gramoré foram os últimos maiores conjuntos residenciais construídos na região, porém a ocupação territoria desordenada também chegou, comunidades nasceram, enormes comunidades, uma elas a comunidade do bairro de Nossa Senhora da Apresentação, hoje com quase 120 mil moradores é a maior da região, depois vieram outros conjuntos menores como Parque das Dunas, etc. Mais o que todos esses bairros, conjuntos ou comunidades tem em comum? Resposta, a infraestrutura, todos esses conjuntos, bairros e comunidades nasceram sem a preocupação da convivência social no que diz respeito a infraestrutura e sociabilização em suas localidades, faltavam escolas, hospitais, postos de saúde, transportes público, segurança e por aí vai. Aqueles que viveram naquela época sabem da veracidade do testemunho aqui narrado. Foi uma época bastante difícil, mais o ponto positivo era exatamente a união de todos, numa época em que não existia celular, internet, redes sociais, o maior barato era encontrar-se com os amigos, seja em frente as nossas casas, seja na esquina, numa partida de futebol ou até mesmo as antigas festas em escolas, ginásio ou clubes de mãe, com equipes de som como a MOBDICK ou festas com grupos de som que tínhamos na cidade, como Terríveis, Impacto Cinco, Impossíveis, etc.
Porem voltando para a realidade, quais as coisas boas que vemos nos dias atuais na região, cujo recorte que faço é exatamente a zona norte de Natal? Hoje, a zona norte tem duas pontes para se chegar na região, temos shopping, o polo industrial de Natal fica na região, porém, o descaso público com a região só aumentou como irei descrever a seguir:
Saúde: a apesar de termos hoje nos bairros postos de saúde (UBS e USF), os serviços são tão carentes como antigamente, ainda hoje as pessoas precisam chegar de madrugada nas portas dessas unidades, muitas vezes passar a noite numa fila ao relento para conseguir marcar uma ficha e poder se consultar com um médico. Faltam itens básicos de medicamentos como dipirona, faltam serviços de imagem, faltam especialistas em áreas como ortopedia e pediatria, faltam mesas, cadeiras, macas, leitos, nas chamadas UPAS as mesmas não recebem manutenção preventiva ou corretiva e estão em ruinas sua infraestrutura.
Segurança: com relação aos índices de segurança, na zona norte da cidade os índices de violência aumentaram ano a ano, se no passado podíamos ficar até tarde nas calçadas de nossas casas ou até passar a noite nas ruas, hoje em dia ao anoitecer todos se trancam em suas casas, cujo temor e o medo da violência, dos assaltos é tão grande e real que as pessoas já não ficam em frente as suas casas socializando com a vizinhança. Não existem os que no passado conhecíamos como “postos policiais” cada conjunto tinha um, era uma base policial onde policiais permaneciam 24 horas, com uma viatura e prontos a servir a população. Isso acabou, a ZN cresceu, a insegurança aumentou e com ela a negligencia de governos que se perderam ao longo do tempo perdendo a batalha para os bandidos que audaciosamente passaram a atacar até mesmo os policiais em busca de suas armas, muitos perderam sua vida dessa forma, e o que fazer para retomarmos o controle da situação?
Transportes: vivemos uma época onde, inicialmente, logo na fundação dos conjuntos da zona norte, a carência e a distancia dos locais cuja linha de transporte público funcionava era distante, no entanto, aos poucos as comunidades da zona norte começaram serem atendidas nestas demandas, as linhas circulavam por dentro dos conjuntos e comunidades da zona norte, tínhamos linhas regulares até a meia noite e de madrugada tínhamos o velho CORUJÃO, quem não se lembra disso¿ Hoje em dia, principalmente durante a pandemia, empresários gananciosos em maximizar seus lucros retiraram mais de 80 linhas de ônibus na cidade, bairros inteiros ficaram desassistidos, pessoas tendo que se deslocar por quilômetros afim de se chegar em um ponto de ônibus, andamos para trás como tartarugas, e até hoje, 05 de abril de 2024, ao meu ver as coisas não voltaram ao normal e os que poderiam exatamente brigar pela população e o interesse público terminam por fazer acordos com o prefeito da cidade, muitos recebem cargos de empresas terceirizadas, outros cargos na própria gestão, emendas parlamentares (dinheiro para realizar certas ações) e terminam por se calarem e não mais brigarem em favor do povo.
Educação: na educação pública, apesar da construção de varias escolas, tanto da rede municipal, quanto da rede estadual, a realidade na zona norte de Natal é bem preocupante, escolas sem alunos e abandonadas em sua infraestrutura, como no caso das Escolas da rede estadual como um todo, em especial exemplificamos os casos da Escola Prof. Antônio Fagundes, que devido a uma obra da construção de um viaduto bem em frente a escola, viu uma debandada dos alunos devido principalmente a sensação de insegurança no turno noturno, por este motivo a escola fechou o turno noturno, não mais é uma escola de ensino médio e fundamental, passou a atender somente o ensino fundamental e além de tudo isso a escola está entregue em meio ao lixo que depositam em seu entorno e uma enorme mata no terreno da escola que há anos o governo do estado não se interessa em resolver. Escola Estadual 15 de Outubro, essa escola além do abandono da estrutura física, hoje em dia só tem aulas no turno noturno através de um programa chamado EJA (Educação para Jovens e Adultos), mesmo assim com uma procura mínima e atendendo em média apenas 40 alunos, um fracasso total da instituição se levar em consideração que tal escola fica ao lado de comunidades carentes como o loteamento José Sarney, conj. Santarém, conj. Soledade e loteamento Nova República entre outros. Fora muitos e muitos outros casos de ingestão pública, corrupção e ingerência do dinheiro público. As famílias que podem acabam por matricular seus filhos em escolas particulares, uma vez que, além de todos estes problemas, os alunos são prejudicados também por longas greves de professores que paralisam as aulas e passam meses e meses se braços cruzados prejudicando a educação de nossos filhos e o desenvolvimento de nosso país!
Infraestrutura: Esta, do meu ponto de vista é a parte mais carente da região, se levarmos em conta que o descaso começa exatamente ao chegarmos na região da zona norte, seja pela Ponte de Igapó, seja pela Ponte Newton Navarro, seja vindo de São Gonçalo acessando a zona norte pela Avenida das Fronteiras, seja vindo do litoral norte acessando a zona norte pelo prolongamento da avenida Moema Tinoco que chega na BR 101 norte, sem deixar de falar também do acesso a zona norte por Extremoz, próximo a linha do trem, saindo exatamente no conjunto Nova Natal, entre outros pontos não citados. O que todos esses acessos tem em comum¿ a ausência da infraestrutura, desde a construção de calçadas, não há acessibilidade, mobilidade adequada, nem para os veículos motorizados, como também e principalmente para os pedestres ou ciclistas.
Acesso Ponte de Igapó: A prefeitura de Natal por exemplo tem realizado uma obra na Av. Felizardo Moura, que fica após o Rio Potengi, no entanto, na zona norte mesmo NADA foi feito afim e se melhorar a mobilidade de veículos, não temos nenhuma passarela na região, muito menos viadutos principalmente ao longo da Avenida Dr. João Medeiros Filho que melhoraria circunstancialmente a mobilidade na região e acabaria com os engarrafamentos diários, a realidade neste local, ou seja, no acesso em direção a av. Felizardo Moura será apenas a transferência dos congestionamentos, uma vez que a obra acelerará o transito no local em que foram executadas as obras, no entanto, exatamente ao cruzar a Ponte de Igapó já na zona norte o transito já para devido a existência de semáforos o que acontece ao longo da avenida Tomaz Landim e Avenida Dr. João Medeiros Filho, não há estudo de caso por parte desses gestores o poder executivo!
Acesso Ponte Newton Navarro: Os veículos que chegam à zona norte, vindos por esta ponta, e seguem em direção à avenida Conselheiro Tristão em direção a avenida Moema Tinoco, logo ao chegarem ao final da parte da avenida que foi duplicada, já na entrada da praia de Genipabu, já neste local encontram uma via se mão dupla, estreita, esburacada e congestionada, parte da antiga e inacabada obra do projeto Pró Transportes, a via é extremamente congestionada todos os dias e principalmente no horários de pico, no caso desta avenida, a total responsabilidade é do governo estadual que não tem um mínimo de respeito com os moradores, trabalhadores, pagadores de impostos que diariamente sofrem para chegarem aos seus destinos.
Os veículos que seguem em direção a Av. Dr. João Medeiros Filho, já percebem o abandono do local, a via apesar de ser ampla, não existe calçada de pedestres, a vegetação do mangue chega a invadir a rua, espaço dos veículos, a iluminação pública totalmente inadequada, e muitos semáforos no decorrer da via provocando a paralisação do transito a cada semáforo desses, como citei anteriormente, a zona norte não conta com nenhuma passarela, tuneis ou viadutos que facilitaria a mobilidade de pessoas e veículos pela região.
Além dessas situações acima narradas, a zona norte sofre pela falta de manutenção das vias, são avenidas totalmente esquecidas pelo poder público municipal, são vias destruídas pelas chuvas, buracos ocasionados pela erosão provocados pelas aguas, mais hoje em dia o pior de tudo foi provocado exatamente por obras relacionadas ao Marco do Saneamento, ruas que foram abertas, e ao serem fechadas, não houve uma adequada acomodação do solo e essas ruas afundaram se tornando impossível circular pelos locais cujas obras foram realizadas. No exemplo citarei as principais como as Avenidas Itapetinga, Senhor do Bonfim, Avenida Pompéia, Avenida Paulistana, Avenida Acaraú e principalmente a cereja dessa aberração que é a Avenida das Fronteiras.
Iluminação Publica da zona norte: totalmente carente de iluminação de qualidade, enquanto a gestão atual do prefeito Álvaro Dias trocou praticamente toda iluminação pública das outras regiões, na zona norte seguimos com ruas apagadas, sem lâmpadas, a maioria das ruas e avenidas ainda são com as lâmpadas amarelas (vapor de sódio), um tipo de iluminação em que quase todas as cidades do Brasil foram substituídas, no entanto, na zona norte de Natal seguem em sua maioria atendidas com este tipo de iluminação que, entre suas características é aumentar a sensação de insegurança devido a má iluminação proporcionada por esse tipo de luz.
Quero ressaltar também que, em lugares urbanizados, com grande ocupação dos espaços, como no loteamento José Sarney por exemplo, as ruas no entorno da lagoa de captação não existem iluminação pública provando que há sim uma segregação da prefeitura da cidade com o lado norte da cidade de Natal.
Drenagem e lagoas de captação: A cada período de chuva, algumas das comunidades da zona norte sofrem pelo temor de verem suas casas invadidas pelas águas, comunidades como Loteamento José Sarney, Nova República, conj. Panatis entre outros sofrem pelo transbordamento das lagoas de captação cuja águas invadem as ruas e casas destas regiões, e porque ano a ano isso volta a acontecer?
Panatis 1: São algumas situações que explicam o porque esta lagoa a cada período chuvoso transborda e tentarei explica:
Recebe água de outras lagoas de captação de outras comunidades
O leito dessa lagoa é raso e não comporta a quantidade de águas que é despejado no local em um único dia de chuva.
Não existem bombas elétricas para bombear as águas
As anilhas são estreitas e insuficientes para dar vazão as águas
O acumulo do lixo no entorno da lagoa provoca o entupimento das anilhas que levam as águas para outros setores
A prefeitura de Natal não fiscaliza, não aplica a lei do meio ambiente que inclusive prevê multas ou até mesmo restrição de liberdade para quem polui o meio ambiente. Além disso não cria campanhas educativas para informar ao povo das boas praticas e principalmente das punições possíveis para quem for flagrado sujando ou poluindo o meio ambiente.
Conjunto Santarém, a lagoa e captação do conjunto Santarém passa praticamente pelo mesmo problema relacionado ao da lagoa acima citada, o um leito raso, bombas elétricas que não funcionam, recebe águas de outras lagoas da região, e o fator humano em sujar o leito da lagoa contribuindo para o entupimento das saídas essas águas o local. Os principais atingidos são os moradores da Rua Tarauacá que ano a ano são vitimas dos alagamentos provocados por estas lagoas.
conteúdo em desenvolvimento!
conheça nosso trabalho voluntário: www.marciovarela.com.br
O ginásio do Soledade 2 que outrora servia a comunidade, sua gestão passou a ser da escola estadual que fica ao lado e desde então se encontra inutilizado, sem servir nem para a comunidade escolar e muito menos a população o bairro Potengí
Ruas com problemas crônicos devido a falta de investimentos em drenagem, nem mesmo uma drenagem pluvial inteligente é realizada nestas localidade ao menos para não deixar tais localidade dias ou semanas sem a possiblidade de mobilidade no setor (imagem da Rua Vale do Sol, Bairr Pajuçara, CEP: 59122500)
Ruas que viram verdadeiros rios (imagens do loteamento Nova República)
Imagens das ruas do bairro da Redinha, Afrtica, enquanto o prefeit investe milhões em obras para o turismo o povo da comunidade a cada periodo de chuva só sai de casa se literalmente colocar os pés na lama, um absurdo constrastando com as belezas que existem no local!