A região Norte de Natal tem população residente superior

a qualquer outro município do RN

 

 

      Eram 360.122 habitantes até o ano de 2017, cálculo da população residente na região Norte de Natal, de acordo com a tabela elaborada pelo engenheiro do Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, baseada na estimativa da população de Natal/2015, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que a região Norte, tem mais habitantes que Mossoró, a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, com 259.815 habitantes e Parnamirim, classificada como a terceira maior cidade e localizada na região metropolitana de Natal, que possui 202.456 moradores residentes, ambas de acordo com estatísticas do IBGE.

     Segundo o estudo, a população da região administrativa Norte, que agrupa 7 bairros, é maior que as regiões administrativas Oeste (com seus 10 bairros) e Leste (com 12 bairros) juntas, que reúnem 231.955 e 114.771 habitantes, respectivamente. O Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte está inserido entre duas regiões administrativas de Natal (Oeste e Sul), contemplando 17 bairros, somando um total estimado de 405.635 habitantes em 2015, correspondendo a 46,62% da população do município.

 

 

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        Com 422 anos completos em 2021 e com um novo plano diretor para a cidade,  Natal apresentou um crescimento urbano e populacional para as zonas Norte e Oeste da cidade, tornando-as, nas últimas duas décadas, nos maiores espaços administrativos da cidade. Em termos populacionais, a zona Norte saiu de 244.743 moradores, em 2000, para 360.122, em 2017. A Oeste, por sua vez, saiu de 195.584 para 235.072, em 2017.

 

       Nos anos 2000, por exemplo, a zona Norte tinha 59.721 domicílios particulares permanentes. Em 2010, por sua vez, ano do último Censo do IBGE, o número já era de 86.484. A taxa de crescimento na década foi de 3,77. Já a Oeste, com taxa de 2,91 na década, saiu de 47.209 domicílios para 62.897. No número de domicílios, os bairros com mais crescimento são Nossa Senhora da Apresentação e Redinha e o Planalto, com a maior taxa entre todos os bairros. Confira dados ao final da reportagem.

 

    Ao mesmo passo que essas zonas da cidade foram as que apresentaram maior crescimento populacional e de domicílios, escoando, inclusive, para municípios limítrofes a Natal, autoridades e especialistas afirmam, entretanto, que a ida dos natalenses para essas zonas não foi acompanhada com a mesma velocidade pelo poder público, uma vez que essas zonas ainda carecem de serviços e equipamentos públicos.

 

    “Onde se tinha menor infraestrutura, onde a gente não apostava adensar, ocupar, é onde aconteceu. Natal teve um crescimento, e é um pouco preocupante, para as áreas onde temos menos infraestrutura instalada, que é esgotamento sanitário, drenagem de água de chuva, resíduos sólidos e abastecimento público de água, além da questão da mobilidade e acessibilidade”, aponta o secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal, Thiago de Paula Nunes Mesquita. 

 

    Ainda de acordo com o secretário, que coordena o processo de revisão do Plano Diretor de Natal, essa ida dos natalenses para essas áreas se deu por uma série de fatores, como os valores do terrenos, por exemplo. Como essas duas zonas não tinham desenvolvimento adequado, sendo classificadas, inclusive,  zonas de adensamento básico no PDN de 1994, os terrenos tinham valores mais acessíveis, o que levou à migração da população para esses locais.

 

 

A professora e pesquisadora Ruth Ataíde  (vinculada ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)que atua desde a década de 80 em discussões relativas à urbanização de Natal.

 

A professora aponta que a zona Norte careceu de um olhar mais aguçado por parte do poder público e também dos investidores nos últimos anos. 

 

“A zona Norte tem muita carência de provisão de serviços. Não sou da área da saúde, mas vemos ausência de equipamentos de saúde, para uma população que está com 300 mil habitantes. É uma grande cidade, considerando nossas proporções. Ela padece de equipamentos de lazer, saúde e educação e que não precisa mudar plano diretor para prover isso”, aponta.

 

Vinculada ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a professora cita ainda que, mesmo com essa característica de “dormitório” ainda presente na zona Norte, por exemplo, já há uma dinâmica econômica na região. Mesmo com isso, ela cita que há poucos investimentos de mobilidade na região, por exemplo. 

 

“A ação fica muito centrada em eixos viários: o eixo da antiga estrada da Redinha, que é a avenida João Medeiros, o novo eixo da Moema Tinoco. Como se a vida urbana ali só pudesse ser realizada nesses dois eixos, quando na verdade, toda a região Norte tem um desenho no seu interior de grandes e belas avenidas que precisam de um olhar mais cuidadoso”, revela. Uma dessas obras, inclusive, o Pró-Transporte, conjunto de obras para a área, se arrasta desde 2005.

 

Com relação a zona Oeste, por exemplo, que tem o bairro com maior crescimento populacional e de domicílios nos últimos anos, o Planalto, a pesquisadora também cita que, a partir da ideia de que aquela área era de interesse social, investimentos do Minha Casa Minha Vida (MCMV) foram para o local.

 

“Você tem uma dinamização da ocupação que pode-se entender como positiva. Porém, ela está completamente isolada do contexto urbano e as condições com que aqueles equipamentos foram instalados ali. Foi instalado só o lugar de morar. Não tem nenhum equipamento, pior, não tem nem acesso a transporte. É muito preocupante a ideia de prover moradia só pelo abrigo, não pelo conceito amplo do que é morar”, conclui.

 

 

FONTE:Natal 420 anos: Nas últimas duas décadas cidade cresceu para áreas sem estrutura - 30/12/2019 - Notícia - Tribuna do Norte

 

 

 

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